DANIYYEL DE JESUS

Nem todas as conexões que criamos na vida são feitas para durar para sempre. Algumas pessoas entram na nossa história com um propósito específico, cumprem sua missão e, depois, o ciclo se fecha. Isso pode ser difícil de aceitar, porque apegamo-nos a pessoas que marcam nossa jornada. Mas, muitas vezes, nós não somos chamados para permanecer—somos chamados para Transformar.

Existem almas que Deus escolhe para serem instrumentos de mudança na vida dos outros. Elas aparecem como um sopro de renovação, trazendo cura, ensinamento, amor e crescimento. São como pontes que ajudam alguém a atravessar um momento difícil, encontrar um novo caminho ou se reconectar com a fé. No entanto, depois que essa missão é cumprida, elas precisam seguir em frente, porque há outras pessoas esperando por essa luz, outras vidas precisando de transformação.

Eu sou uma dessas pessoas. Sempre fui alguém que não consegue ficar parado em um único lugar, dentro de uma caixa. Tenho sede de conhecer mais, de conectar-me com novas almas, de compartilhar o que Deus me deu. Isso significa que, muitas vezes, as grandes amizades, os grandes laços que construo, acabam ficando no passado. Não porque não foram reais, mas porque meu chamado é maior do que qualquer vínculo individual.

É um desafio viver dessa forma. Há momentos em que dá vontade de permanecer, de criar raízes. Mas a verdade é que algumas pessoas foram feitas para voar. São como o vento: passam, deixam sua marca e seguem adiante. E está tudo bem. O amor, o aprendizado e as lembranças que deixamos permanecem nas pessoas por quem passamos, mesmo quando já não estamos mais lá.

Se também és esse tipo de pessoa—se sentes que teu papel na vida é transformar, inspirar, levantar os outros—sabe que não estás só. Essa caminhada pode ser solitária às vezes, mas é um dom. Deus nos usa como instrumentos de cura e mudança, e cada despedida não é um fim, mas um novo começo.

Não tenhas medo de seguir em frente. Há muitas outras pessoas esperando pela tua luz.

DANIYYEL DE JESUS

O racismo, muitas vezes, não se manifesta apenas em palavras diretas ou agressões explícitas. Ele se revela em gestos sutis, em olhares que diminuem, em silêncios que excluem e, ironicamente, na forma como algumas pessoas demonstram mais respeito por objetos do que por seres humanos.

Hoje, sentei-me diante de um homem branco que, nos pequenos detalhes, deixou transparecer seu racismo. Ele evitava contato visual, sua linguagem corporal expressava desconforto, e cada gesto parecia carregado de uma superioridade silenciosa. Mas o que mais me marcou foi a forma como ele tratou os pratos à sua frente. Quando terminou a refeição, levantou-se com calma, organizou os pratos com cuidado e os manuseou com uma delicadeza que ele não ofereceu a mim.

Foi como se, naquele momento, aqueles objetos tivessem mais valor do que eu. Como se a porcelana merecesse mais respeito do que uma pessoa negra. Como se a fragilidade de um prato justificasse mais consideração do que a dignidade de um ser humano.

Essa cena me fez refletir sobre como o racismo se esconde nas coisas mais banais do cotidiano. Muitas vezes, os mesmos que descartam vidas negras são os que preservam com zelo seus bens materiais. A casa de luxo, o carro caro, a taça de cristal — tudo tratado com estima, enquanto pessoas são ignoradas, desumanizadas, reduzidas a invisibilidade.

O racismo, nesse caso, não foi um ato direto, mas um reflexo daquilo que ele considera digno de cuidado e respeito. E essa hierarquia de valores, onde um prato é tratado com mais consideração do que uma pessoa negra, diz muito sobre o mundo em que vivemos.

No entanto, a maior verdade é que nenhum olhar de desprezo pode definir o nosso valor. Nossa existência transcende qualquer estrutura racista. Somos a força da nossa história, a resiliência dos que vieram antes de nós, a dignidade que nenhuma sociedade poderá apagar. Se há algo que deve ser tratado com respeito, é a vida. E a nossa vida vale mais do que qualquer objeto sobre uma mesa.

DANIYYEL DE JESUS

No livro Encontrar-me, a atriz Viola Davis narra sua trajetória de vida com uma honestidade brutal, compartilhando sua infância marcada pela pobreza extrema, o racismo e a violência doméstica, até sua ascensão como uma das maiores atrizes de Hollywood.

Viola nasceu em uma família pobre nos Estados Unidos e enfrentou dificuldades desde cedo. Ela descreve como sua infância foi repleta de insegurança alimentar, moradias precárias e episódios de agressão por parte do pai, que era alcoólatra e frequentemente abusivo com sua mãe. Além disso, sofreu racismo e bullying na escola, experiências que moldaram sua autoestima e sua visão de mundo.

Apesar dos desafios, Viola encontrou na atuação uma forma de escapar de sua realidade. Ao longo dos anos, batalhou para construir sua carreira, enfrentando a falta de oportunidades para atrizes negras e a constante necessidade de provar seu valor. Sua jornada incluiu estudos na prestigiosa Juilliard School, papéis secundários no teatro e no cinema, até alcançar o reconhecimento global com performances marcantes em Doubt (2008), The Help (2011) e How to Get Away with Murder (2014-2020).

No livro, Viola também reflete sobre seu processo de autodescoberta e aceitação. Ela fala sobre como, ao longo da vida, teve que resgatar sua autoestima, libertar-se de traumas do passado e encontrar sua verdadeira identidade além da fama e do sucesso.

Encontrar-me é um relato poderoso sobre dor, resiliência e superação. Viola Davis mostra que sua história vai muito além da tela e inspira leitores a confrontar suas próprias dores e a se reconectar com sua essência.

Recomendo este livro a todas as pessoas, sobretudo às Pessoas Pretas Retintas. Este livro transformou-me profundamente.

DANIYYEL DE JESUS